sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Problemas de comportamento na criança e no adolescente

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A criança manifesta os sentimentos face ao mundo que a rodeia através do
seu comportamento: reage negativamente se é frustrada mas aprende ao longo do
desenvolvimento a comportar-se de forma socialmente adequada. Neste processo o
papel e encorajamento dos pais, educadores e professores, é fundamental.
A maioria das crianças aprende rapidamente mas é também normal as
crianças “portarem-se mal”.
Fazer birras, reagir agressivamente, desobedecer, etc., dentro de certos
limites e em certas idades não é preocupante (por exemplo é normal uma criança
fazer birras e descontrolar-se aos 2-3 anos mas se tal acontece sistematicamente
num pré-adolescente a situação já não é de todo adequada).


O que são os problemas de comportamento na criança e adolescente?

Os problemas de comportamento podem surgir em qualquer idade e
frequentemente começam cedo.
Os comportamentos de oposição e desafio, por exemplo, são frequentes na
idade pré-escolar mas atingem por vezes grandes proporções (grandes birras, bater,
morder, dar pontapés, partir objectos).
Ao longo do desenvolvimento os comportamentos desajustados vão-se
também modificando, tornando-se progressivamente mais violentos. Passam a
incluir mentiras, furtos, fugas, a recusa das regras estabelecidas e comportamentos
de risco anti-sociais (faltas ou abandono escolar, consumos de drogas, relações
sexuais não protegidas, crueldade para pessoas ou animais, actos de vandalismo, etc.).



São sinais de alerta para o desenvolvimento destas perturbações:


• comportamentos muito fora do normal que ultrapassam seriamente as regras
aceites na família e na comunidade (diferente de uma “criança que se porta
mal” ou um “adolescente rebelde”);

• estes comportamentos mantêm-se de forma contínua durante meses ou
anos;

• as perturbações interferem no desenvolvimento da criança e na sua
integração e funcionamento familiar, escolar e noutras actividades.

Quais as causas destes problemas?

Existem características da criança que a colocam em risco para o
desenvolvimento destes problemas.

• crianças com temperamento difícil, hipersensíveis, irrequietas, impulsivas,
com dificuldade de auto-controlo e em se adaptarem a situações novas;

• crianças com dificuldades de aprendizagem;

• crianças desvalorizadas, deprimidas e com o sentimento de não serem
amadas;

• crianças ameaçadas ou vítimas de maus-tratos.

Por outro lado, também factores familiares podem propiciar ou agravar estas
situações:

• formas de educação e disciplina inadequadas tais como: não valorizar os
bons comportamentos e criticar excessivamente os comportamentos
desajustados, não estabelecer claramente regras e limites e ser demasiado
flexível quanto ao seu (in)cumprimento, não controlar suficientemente a
criança, etc.

• pais deprimidos, com outras doenças ou sobrecarregados e exaustos, sem
apoio da família alargada;

• ambiente familiar conflituoso, violento ou situações de ruptura familiar.

Também a nível escolar existem factores de risco que tendem a agravar
estes sintomas:


• más condições físicas da escola;

• excessivo número de alunos por professor;

• fraca disponibilidade e motivação dos professores;

• fraco incentivo às competências da criança e adolescente.


Finalmente a existência de factores sócio-comunitários adversos também
contribui para o desenvolvimento destas situações (em particular quando vários
destes factores se associam):


• pobreza;

• desemprego;

• sobrepopulação do domicílio;

• viver num bairro violento e inseguro.

Quais as consequências destes problemas?


Estes comportamentos constituem um forte motivo de preocupação para as
famílias, a escola e outros meios onde a criança está inserida.

• estas crianças e jovens têm com frequência dificuldade em fazer amigos e
integrar-se nos grupos da sua idade; muitas vezes ligam-se a grupos com
comportamentos de risco o que contribui para agravar os seus problemas;

• embora tenham normalmente um nível intelectual normal, o seu rendimento
escolar tende a ser fraco e há grande risco de insucesso e abandono escolar;

• muitas vezes existe também um sentimento de mal estar intenso e uma
desvalorização, dos quais se defendem culpando os outros pelos seus
problemas.

Globalmente a integração social destes jovens corre um sério risco e, sem
ajuda, têm grande dificuldade em ultrapassar os seus problemas.
Como podem ser prevenidos ou diminuídos estes problemas?
É importante salientar que estas situações se vão “construindo” ao longo do
tempo e que é fundamental intervir precocemente para obter melhores resultados.
A prevenção é de longe a intervenção mais eficaz!

Como recomendações gerais aos pais, sugere-se que:

• sejam pais próximos, dispostos a brincar, entender e ajudar a criança, mas
simultaneamente capazes de impor regras com autoridade, o que dá
segurança à criança;

• mais do que darem conselhos, dêem o exemplo;

• estabeleçam regras claras e consistentes assim como as consequências
resultantes da quebra desses limites;

• organizem tempo com disponibilidade, afecto e diálogo para com os filhos,
desde os primeiros tempos de vida e ao longo do desenvolvimento; assim
poderão conhecê-los em profundidade e compreender as suas
necessidades, capacidades e fragilidades;

• proteger e estimular a criança, de forma adequada às suas características e
idade;

• estimulá-la a pensar e falar do que sente em alternativa a descarregar a sua
irritação e o seu mal estar através do comportamento;

• encontrar formas de “negociar” e chegar a um acordo com ela em situações
de conflito, incentivando-a assim a desenvolver estratégias de resolução de
conflitos;

• valorizar o bom comportamento e os esforços da criança para melhorar;

• controlar e supervisionar a criança: saber onde ela está, com quem e a fazer
o quê;

• chegar a acordo com o companheiro(a) quanto à forma de educar a criança e
quanto às regras a estabelecer;

• manter-se em contacto com a escola ou jardim de infância, trabalhando em
conjunto com os professores e educadores para melhorar o desenvolvimento
e a integração da criança.

Onde e quando procurar ajuda?

Se surgirem os sinais de alerta atrás referidos e estes se mantiverem por
mais de três meses, consulte o seu médico de família. Ele saberá ajudá-lo e, se
necessário, orientá-lo-á para a consulta de saúde mental infantil e juvenil da sua
área de residência.
Nesta consulta será avaliada a situação específica do seu filho(a), os factores
que contribuem para o problema e serão propostas as intervenções necessárias.



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